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        VIVER E TRABALHAR NA REGIÃO DO BAIXO AVE É SACRIFICIAL
        2017-02-24


        O investimento público no Baixo Ave não existe.
        As promessas de governo em construir uma variante/circular à EN14 ou até a extensão do metro até à Trofa fi caram “na gaveta”.
        “Tem havido desistência de investimento na região, devido a estes grandes constrangimentos”, afirma José Manuel Fernandes, presidente da Associação Empresarial do Baixo Ave.
        “A variante no eixo Maia-Trofa-Famalicão é uma solução determinante quer na qualidade de vida das populações, quer na conectividade e mobilidade entre parques empresariais neste eixo.
        Hoje viver e trabalhar nesta região é sacrificial”, acrescenta.

        Vida Económica - O que pensa sobre o programa de valorização das áreas empresariais anunciado pelo Governo?
        José Manuel Fernandes - Este programa foi anunciado recentemente pelo Primeiro Ministro e o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas e tem a ver, segundo o Governo, com uma estratégia facilitadora das atividades económicas de aglomerados empresariais em parques.
        O programa em si tem muito interesse para as empresas localizadas nesses parques empresariais e está na linha de apoio às atividades económicas, melhorando-se as condições de mobilidade e logística, favorecendo-se assim a produtividade empresarial.
        Creio que esta era e é a intenção do Governo, só não sabemos se este programa foi estudado a nível global do país para com os parques empresariais que estão operacionais com procura ou se foi um programa feito à medida de solicitações pontuais, assim como os critérios adotados, se os houve, para se decidir estas 12 ligações.
        Por outro lado, não sabemos se está associada aqui uma agenda de compromisso com as autarquias a que pertencem geografi camente os parques para o fomento da relocalização empresarial que é uma componente importante pró-investimento e empregabilidade, que pessoalmente sempre defendemos.

        VE - Relativamente à região do Baixo Ave seria necessário melhorar as acessibilidades para garantir a fluidez na circulação de pessoas e dos produtos industriais?

        JMF - Relativamente ao Baixo Ave sempre vivemos com a ideia que a tão falada e desejada variante/circular à EN14 fosse agora anunciada, a sua definitiva construção, mas não aconteceu. Ao longo das duas últimas décadas a população desta região tem-se manifestado de forma determinada pela necessidade desta infraestrutura.
        O governo de José Sócrates deu luz verde para se avançar com o projeto, projeto esse que viria a ser bloqueado por Passos Coelho, mas que na fase final do seu governo em janeiro de 2015 aprovou uma nova solução com um novo traçado e com um orçamento substancialmente mais reduzido, em que deixou a obra para se iniciar em finais de 2016, com um cronograma bem definido.
        Hoje todos nós vivemos uma desilusão e estamos estupefatos com o apresentar deste programa pelo governo e não haver uma referência de qualquer compromisso, desta infraestrutura, com a população, os agentes económicos e as autarquias.
        Aqui na região não é difícil ouvir as pessoas a referirem que no Baixo Ave só se trabalha e paga impostos.
        Investimento público não existe.
        Até o metro que foi prometido até à Trofa está fora da intenção de investimento público.
        Todos conhecemos as condições em que se vive e trabalha nesta região, com muita difi culdade devido à sua densidade populacional, cerca de 520 habitantes por Km2, com cerca de 48 mil veículos/dia na zona da Maia, sendo 8% de pesados, 25 mil veículos/dia norte da Maia-Trofa e cinco mil veículos/dia na zona Trofa-Famalicão com 6% de pesados.
        A variante no eixo Maia-Trofa-Famalicão é uma solução determinante quer na qualidade de vida das populações, quer na conectividade e mobilidade entre parques empresariais neste eixo. Hoje viver e trabalhar nesta região é sacrificial.
        Temos a EN14 saturada e as empresas têm custos elevados quanto à sua mobilidade.
        Tem havido desistência de investimento na região, devido a estes grandes constrangimentos, não obstante estarmos numa situação geográfica privilegiada em relação às variáveis importantes para estabelecimento físico de novas empresas.

        “Os utentes do metro são muito mais” de 380 por dia”

        VE - Deve ser equacionada a extensão da rede de metro até à Trofa?
        JMF - Numa simples abordagem só técnica, posso dizer que a extensão da rede do metro até à Trofa tem de ser vista por um padrão de variáveis diferentes daquele que o governo está a ver. A análise económica do metro não pode ser tão insufi ciente, por ter no trajeto Maia-Trofa 380 utentes por dia. Os utentes do metro são muito mais tendo em conta o conhecimento que a AEBA tem do fl uxo dos trabalhadores que vem do sul para a área norte e vice-versa, trabalhar.
        Isto leva-nos a completar a análise do Governo que os clientes do metro são os tais 370 mais os que estão a movimentar-se de carro, com uma só pessoa por viatura, todos os dias para o trabalho in e out.
        A rede do metro Maia-Trofa deve ser vista como um investimento mobilizador do investimento privado e como uma variável positiva nesse sentido, que por si arrastará outras soluções da vida dos cidadãos e da economia.
        O metro é um transporte público por excelência, que serve as populações em geral e em particular alimenta a mobilidade das massas humanas para as grandes áreas de trabalho por excelência.
        Se o tema é não haver recursos, então a solução deve ser tratada de outra maneira.
        Quanto à rendabilidade, é investimento público no desenvolvimento dentro de uma matriz metropolitana que existe de facto.

        VE - Qual é o peso económico da região Baixo Ave na Área Metropolitana do Porto?
        JMF - A Região do Baixo Ave está identifi cada cada vez mais por cinco dos concelhos, Maia, Trofa, Famalicão, Santo Tirso e Vila do Conde.
        Só quatro destes concelhos fazem parte da Área Metropolitana do Porto e têm uma posição importantíssima no seu PIB, com cerca de 35%.
        A Região do Baixo Ave tem em termos geoestratégicos uma posição privilegiada, de capacidade de absorção, da expensão de investimento de matriz industrial, que o grande Porto e arredores já não têm capacidade de responder.
        Esta estratégia devia estar bem presente nos nossos decisores do “facility” para o Investimento em particular o Industrial.


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